Ontem te via comigo, hoje te vejo com ela. Todas as palavras que trocamos, hoje você troca com ela. As nossas brincadeiras feitas comigo, são feitas com ela. Sua risada apenas ouvida por mim, é ouvida por ela. Aquele beijo que você me dava, hoje você da pra ela. Seu sorriso dado apenas para mim, hoje em dia pertence a ela. Aquele amor, que um dia era entregue a mim, hoje você entrega a ela. Mas seu olhar te entrega. Seus olhares ainda me pertencem. Sua cara de triste ao me ver me faz querer estar ao seu lado. Por que não estar? Por que não amar?
Aquela frase de “me sinto só no meio de tantos” se tornou tão clichê, mas tão verdadeira.
Cada dia, continuar é mais difícil, sorrir é quase impossível. Lágrimas estão acostumadas a aparecer em meu rosto. Gritos são minhas falas mais clichês.
Mas, desde quando te conheci tudo parece bem, normal. Sorrir é uma coisa comum já. Lágrimas que correm em meu rosto, só se forem de felicidade, ou de tanto rir. Ouvir sua voz parece ser a coisa mais bela do mundo. Respiro aliviada ao te ver.
Ao ver seus olhos olhando fundo nos meus, ao ver sua boca dirigindo palavras a mim, ao ter sua mão segurar minha cintura, ao sentir seus braços ao meu redor em um abraço, ao perceber que sua respiração bagunçou de leve meu cabelo. Tudo parece certo, parece estar perfeitamente encaixado.
Ao te imaginar longe, tudo desaparece, nada está bem. Fico me lembrando dos momentos que passamos juntos, rindo do que aconteceu. Me lembro perfeitamente de suas falas, de sua risada.
Ao te ver longe, distante, me sinto perdida.
Ao te ver preocupado triste, desespero-me em te ajudar.
Enfim percebo, é você quem me faz tão bem, quem me tira das trevas. Quem me faz parar de fingir ser quem não sou.
Posso sorrir verdadeiramente.
Especialmente quando você faz aquela brincadeira, que apenas nós entendemos.
"Olhei a rua fria e respirei. Saí andando em direção ao portão com o livro e a bolsa na mão. Olhei o carro preto em que meus pais conversavam e ouviam musica. O vento bateu em meu rosto e bagunçou o meu cabelo. Fiquei arrepiada e puxei a manga do casaco para baixo. Abri o portão o mais rápido possível e esperei o carro começar a se movimentar. Ele subiu e a rua parecia gritar meu nome. Olhei para ela e a em seguida para a minha casa. Respirei fundo. Corri. Meus pés sabiam onde me levar. O vento gelado cortava meu rosto e as lágrimas apareciam com a intensidade do ar gélido. Vozes gritavam o meu nome mas eu ignorava continuava correndo. Meus pés doíam com a força em que batiam no chão. Corri 5 minutos intermináveis e parei ofegante no meio da rua. Olhei para trás. Via apenas o escuro. Ri baixo e saí caminhando. Achei um banco e me sentei. Abri o livro e comecei a ler. Comecei a pensar. Comecei a entender. Comecei a ser eu mesma.
Uma voz mais alta gritava meu nome quando eu já estava no terceiro capítulo seguido. Fechei o livro, e, em silêncio me escondi. A voz com o tempo diminuiu e eu voltei a correr. Cheguei à praia. Joguei tudo no chão, tirei minha roupa e entrei o mar. Nada além da sensação de liberdade. Finalmente."
● Alguma vez você já pensou Em fugir pro mar Pra não mais voltar?
